Como a indústria do transporte se adapta às inovações e modifica o jeito das pessoas se locomoverem nas grandes e pequenas cidades
Por Fernando Freitas*
A indústria de transporte e mobilidade está passando por uma transformação profunda. Nos últimos anos, a velocidade com que tecnologias disruptivas têm moldado o setor é sem precedentes. O que antes era uma questão de escolha entre táxis e carros alugados tornou-se um leque vasto de opções, impulsionado por inovações em carros autônomos, plataformas de mobilidade e o crescente distanciamento da posse de veículos.
A ascensão dos carros autônomos está reconfigurando não apenas o futuro do transporte, mas também a forma como as locadoras tradicionais operam. Empresas como a Waymo, subsidiária do Google, estão moldando uma nova dinâmica no mercado de mobilidade. Assim como Uber e Lyft revolucionaram os serviços de táxi, a Waymo está fazendo o mesmo com o transporte por aplicativo.
Os carros autônomos oferecem uma experiência livre de erros humanos, com rotas otimizadas e uma redução significativa no risco de acidentes. Segundo estudos recentes, a adoção massiva dessa tecnologia pode reduzir em até 90% o número de acidentes de trânsito, economizando bilhões em custos de saúde e seguros.
Em uma recente viagem a São Francisco, tive a oportunidade de experimentar o serviço da Waymo. Os veículos, todos Jaguars elétricos, impressionam pela integração tecnológica. A interface do aplicativo sincroniza preferências como temperatura ambiente e playlists do Spotify, oferecendo uma experiência de transporte personalizada. Apesar de ser, em média, 10% mais caro que o Uber Comfort, o serviço se destaca pelo conforto e segurança, com trajetos monitorados em tempo real.
Retrato da tela multimídia traseira de um veículo da Waymo, integrado com o Spotify e informando em tempo real o trajeto sendo feito e o tempo de chegada no destino.
A reinvenção das locadoras
Locadoras tradicionais também estão inovando para se manterem competitivas. Empresas como Sixt e Audi on Demand implementaram soluções tecnológicas que simplificam o processo de aluguel, desde o cadastro até a devolução do veículo. Um exemplo notável é o túnel de inspeção autônomo da Sixt no aeroporto de Miami, que utiliza câmeras 360º para verificar o estado dos veículos, eliminando interações humanas e aumentando a eficiência.
Empresas como a Awto estão um passo à frente. Além de digitalizar todo o processo, a Awto permite que os usuários retirem o veículo em um ponto e devolvam em outro, uma inovação que exige integração operacional e tecnológica sofisticada. Esse modelo não apenas melhora a experiência do usuário, mas também otimiza a gestão de frota.
Outro aspecto significativo dessa transformação é o advento dos modelos de assinatura de veículos. Com a pandemia e a crise econômica subsequente, a posse de carros se tornou menos atraente. Em resposta, fabricantes e locadoras passaram a oferecer planos de assinatura que incluem manutenção, seguro e assistência 24h.
De acordo com a consultoria Frost & Sullivan, o mercado global de assinatura de veículos deve crescer 64% até 2025. Esse modelo reflete uma mudança comportamental: a transição de uma economia baseada na posse para uma economia baseada no uso. A Awto, por exemplo, utiliza tecnologia de ponta para prever problemas mecânicos e entrar em contato com o cliente antes que a falha ocorra, proporcionando uma experiência sem interrupções.
A pandemia de COVID-19 também acelerou mudanças comportamentais. O uso do transporte público caiu drasticamente no Brasil, conforme apontado por um estudo do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), que registrou uma queda de 30% na demanda por transporte coletivo em 2022. Em contraste, a busca por alternativas mais seguras, como aplicativos e veículos alugados, aumentou significativamente.
Além disso, o impacto ambiental das inovações em mobilidade não pode ser ignorado. Carros elétricos e híbridos, como os utilizados pela Waymo e outros players, contribuem para a redução das emissões de carbono. Segundo a Agência Internacional de Energia (IEA), o aumento na adoção de veículos elétricos poderia evitar a emissão de 1,5 gigatoneladas de CO₂ por ano até 2030.
O futuro do transporte é claramente tecnológico. Desde carros que se dirigem sozinhos até a flexibilidade das locações por aplicativo, o mercado de mobilidade está em constante evolução. Locadoras tradicionais precisam continuar investindo em tecnologia para garantir relevância, enquanto empresas como Awto, ZipCar e Waymo lideram essa revolução.
Não se trata mais de simplesmente comprar um carro, mas de escolher o serviço de mobilidade que melhor atenda às suas necessidades. Seja por assinatura, locação rápida ou por meio de um táxi autônomo, as possibilidades estão ao alcance de um toque no smartphone. Com a evolução tecnológica, a mobilidade urbana está se tornando mais acessível, eficiente e sustentável. O que estamos testemunhando hoje é apenas o início de um futuro onde tecnologia e mobilidade caminham juntas.
*Fernando Freitas é Chief Strategy e Marketing Officer (CSO e CMO) da Awto para a América Latina. Formado em Matemática e Ciências pela Indiana University, nos Estados Unidos, cursa Mestrado de Economia Financeira na Purdue University, também nos EUA. Acumula passagens em grandes empresas de consultoria estratégica, como Ernst & Young e Applico Inc., empresas de tecnologia e foi fundador de diversas startups.