Por que este é o Momento Ideal para Repensar a Mobilidade Urbana

Passados três anos desde o início da pandemia da Covid-19, a vida nas cidades parece se encaminhar para um período de maior estabilidade dentro de um novo normal, comparado aos tempos sombrios de isolamento social forçado que vivemos em 2020. Novo, pois a flexibilidade do trabalho remoto impõe uma dinâmica urbana diferente da que sempre tivemos. Novo também por estarmos vivendo uma persistente e globalizada inflação – também chamada de estagflação. As duas constatações, apesar de inicialmente parecerem díspares, se cruzam rapidamente em um tema comum: o futuro da mobilidade urbana.

Sob tal conjuntura, o segmento de empresas que atuam com mobilidade, que tinha sido deixado de lado nos últimos anos pelos investidores especializados em tecnologia, voltou rapidamente à pauta. Cidades como São Paulo, desde o ano passado, contam com novos serviços para quem procura maneiras mais econômicas e sustentáveis para se locomover no dia a dia. Empreendedores e investidores buscam maneiras de atender à nova demanda, trazendo mais inovação para o setor. E este é um movimento que deve ganhar força nos próximos anos. Por algumas razões bastante ilustrativas:

 

  • A dinâmica da locomoção nas cidades mudou muito em função do volume de trabalhadores que hoje faz home office diversas vezes por semana. Parece algo simples, mas os efeitos desta mudança de comportamento por parte da população são cada vez mais evidentes. Já há quem olhe para cidades funcionando a plena capacidade apenas de terças-feiras às quintas-feiras;
  • O custo de manter um carro na garagem, segundo um estudo do Ibmec, praticamente dobrou entre 2015 e 2022. Essa alta, vale destacar, seguirá neste ano, dada à falta de semicondutores para a indústria automobilística e o aumento no preço dos combustíveis. Outra fonte de pressão inflacionária é o preço do seguro, que opera em alta de 32% neste início de ano. Esse cenário torna a vida do proprietário de um veículo mais custosa, seja ele um cidadão comum ou um motorista de aplicativo;
  • O preço médio de um carro novo no Brasil subiu 85% nos últimos cinco anos. Há poucos modelos abaixo de R$ 100 mil hoje no país, dez ou pouco mais do que isso, um patamar que veio para ficar, independente do baixo volume de vendas das montadoras visto hoje no país;
  • No caso dos carros usados, categoria que mais se valorizou durante a pandemia, ainda que os preços venham registrando tímidas reduções desde o fim do ano passado, as previsões seguem no sentido de manutenção em patamares elevados;
  • Todo o cenário de uma tempestade perfeita traz também o fato de que a classe média, por sua vez, foi o extrato da população que mais perdeu renda durante a pandemia devido à inflação generalizada e ao mercado de trabalho mais restritivo;
  • Por fim, as metas de sustentabilidade, independentemente do cenário econômico, permanecem e tornam-se mais urgentes a cada dia que passa, diante do aquecimento global que vivemos;

 

Diante dos fatos acima, a busca por novas maneiras de se locomover deixa de ser exclusiva do cidadão. Gestores públicos têm de repensar suas políticas de transporte e sustentabilidade, montadoras precisam mais do que nunca trazer novas formas de utilização de seus veículos, empreendedores são estimulados a trazerem inovações para o setor, só para citar os principais.

O uso de carros compartilhados pode tirar milhões de veículos das ruas, melhorando a vida urbana de modo geral. A partir da experiência da Awto no Chile e também no Brasil, identificamos que cada carro compartilhado substitui de seis a oito veículos particulares de circulação. Isso é o oposto do modelo de negócios de aplicativos de transporte, onde é preciso maximizar a oferta de carros nas ruas para que o cliente esteja cercado por eles quando precisar se locomover. A economia para o usuário chega a 20% na comparação com o custo de um carro na garagem, sem falar nos benefícios para o meio ambiente, algo que todo serviço inovador deve trazer em seu DNA.

O fato é que o mundo pós-pandemia não voltou a ser o que era antes. Talvez estejamos vivendo um período seguinte à uma ruptura histórica dos padrões de trabalho e consumo, em que ainda é difícil tangibilizar suas implicações de forma mais apurada. Daqui a alguns anos, certamente teremos mais condições de fazê-la. O que parece certo é que as coisas não retomarão seus cursos até então tidos como normais. Neste sentido, vale destacar que, apesar de desafiador, o momento que vivemos abre diversas portas para o uso mais consciente de recursos. E incorporar isso ao nosso cotidiano é transformador.

 

Por Fernando Freitas e Leonardo Bieberbach*

*Fernando Freitas é CSO da Awto para a América Latina e Leonardo Bieberbach é CEO da Awto para o Brasil

 

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